dezembro 18, 2009

Refletindo...

Cinco razões para que cada um diminua o som um ponto – ou talvez três ou quatro.


Primeiro, eu sei que dizer isso significa quebrar as regras dos músicos – do mesmo modo que os mágicos nunca devem revelar um segredo – mas aumentar o volume é um truque barato para aumentar a energia do ambiente. A comédia This is Spinal Tap nos mostrou todos os absurdos truques de som utilizados para compensar a falta de talento. (Os botões das guitarras dos componentes de bandas foram modificados para ir até 11.) Não compensa aumentar a amperagem da mediocridade para transformá-la em MEDIOCRIDADE.

Segundo, quando vocês não são muito afinados – e vamos encarar isso, a maioria dos cantores e instrumentistas não está próxima de um tom perfeito – aumentá-lo só faz prejudicar mais. Se eu ouço um “cantor afinado” tendo problemas em decidir se atinge a terça maior ou menor e ao invés disso ele chega a um meio termo com um volume alto, eu sinto como se a minha cabeça fosse rachar.

Terceiro, as caixas de som, usadas na maioria das igrejas com o sistema PA, não devem colocar muita força nos pianos, baixos e baterias. Assim nós estaremos sendo triturados com um som desagradável e estrepitante – o que não induz à adoração.

Quarto, considerem que vocês podem estar excluindo as pessoas mais velhas que, em sua maioria, não gosta do volume do Guns N´ Roses na igreja. E se vocês desconfiarem que os mais velhos estejam encantados por trás de seus sorrisos fechados, perguntem a eles. Eu desafio vocês.

Quinto, deixe-me falar um pouco da história da igreja e de teologia pra vocês. Nos tempos em que a música se desenvolveu na Palestina no século XVI, tornou-se muito requintada e adornada para cantores comuns. Então os cristãos iam à igreja para ouvir um padre e um coral.
A Reforma Protestante tirou a música sacra dos profissionais e colocou-a de volta aos bancos da igreja. Lutero compôs hinos baseados em melodias populares, inclusive “drinking songs” (músicas para serem ouvidas enquanto se bebe algo). Calvino insistiu nas letras baseadas em Salmos. Esta foi uma música da qual quase ninguém podia participar. O problema hoje, certamente, é a raridade de músicas elaboradas. Nós poderíamos utilizar um pouco mais de arte, na verdade, do que normalmente conseguimos, com a simplicidade e formatos musicais repetitivos de muitas músicas de adoração contemporâneas.

Não, o contraste com a Reforma é a insistência dos dias modernos de que as pessoas sejam o centro das atenções. Nós fazemos isso ao permitir que uma banda com seis membros faça mais barulho do que uma congregação lotada. Mas o culto na igreja não é um concerto no qual o público canta com os cantores principais. Musicistas – cada um deles, incluindo os cantores – acompanham o louvor da congregação. Eles deveriam estar misturados ao som o suficiente apenas para fazer a sua parte, conduzindo e apoiando a congregação.

Agora, eu gosto de Palestrina e de um bom rock cristão. Então, músicos das igrejas, se vocês querem apresentar uma boa música, isto requer uma maior habilidade com os instrumentos, em todos os sentidos. Nós vamos ouvir, orar e aproveitar tudo para a glória de Deus.

Mas quando vocês estiverem nos liderando nos cânticos, então, levem-nos a cantar. E baixe o volume, senão não conseguiremos ouvir vocês – ou pior – estaremos lutando contra vocês.

Eu sei que não é isso o que vocês querem que aconteça. Mas eu estou dizendo a vocês o que está acontecendo.
Desculpem-me novamente, por estar gritando.

John G. Stackhouse Jr. é professor de Sangwoo Youtong Chee of Theology and Culture no Regent College in Vancouver, Canadá. Seu livro mais recente é “Making the Best of It: Following Christ in the Real World” (“Fazendo o Melhor: Seguindo a Cristo no Mundo Real”) da Editora Oxford Universit.
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Fonte: Grupo de discussão dos Músicos Batista
Imagem: http://www.audionasigrejas.org/artigos/SPLimage001.jpg (Veja também a matéria deste site)

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